Disbiose intestinal no autismo. Muito comentado atualmente, o assunto em questão atinge diversas pessoas no espectro do autismo. Por ter sido identificado, de forma recente, como uma desordem sistêmica – não somente neurológica –, muitos quadros de sensibilidade orgânica têm vindo à tona em situações do autismo. Ademais, ressalta-se que o intestino é considerado o “segundo cérebro” por sua complexidade em neurônios. Isso tem sido observado em muitos estudos que relacionam a atuação do intestino e seu impacto na saúde mental de uma forma geral. O controle da alimentação, nesse sentido, faz-se necessário para o controle dessa comorbidade. Gastroenterologistas também são muito bem-vindos em tratamentos.
A paternidade não é tarefa fácil nem mesmo em vias normais e isso é nítido em nossa sociedade cada vez mais urbana. Quando se fala em paternidade (ou somente maternidade) atípica, as dificuldades se multiplicam. Desde o processo diagnóstico – em que o núcleo familiar pode sofrer algum tipo de luto –, a angústia dos pais quanto ao desenvolvimento daquela pessoa é visível e deve ser tratado cautelosamente. A formação de grupos de apoio, auxílios governamentais (não somente financeiros) e o apoio dos diversos setores sociais que influenciem na vida dessa pessoa neurodivergente e na de seus respectivos pais são maneiras indispensáveis de respeitar e acolher essas famílias, as quais necessitam desse tipo de cuidado.
É comum que pessoas com autismo e/ou com algum distúrbio sensorial tampem seus ouvidos em ambientes barulhentos. Esse excesso de estímulos auditivos, como é o caso de fogos de artifício, conversas paralelas e ruídos repetitivos, pode sobrecarregar os neurodivergentes, por serem altamente sensíveis a esses processamentos. Dessa forma, o ato de cobrir os ouvidos com as mãos ou mesmo com abafadores de ruído é fator protetor contra esse tipo de situação, evitando-se o ocasionamento de uma crise. Por isso, desviar de barulhos intensos e o auxílio de profissionais (terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos) constituem ferramentas positivas sobre esses indivíduos, pensando em seu bem-estar e plenitude.
Um dos critérios diagnósticos do Transtorno do Espectro Autista é o déficit na comunicação e interação social. Vamos falar sobre isso?
Essa dificuldade pode estar relacionada a diversos fatores. Pode ser encontrada tanto na questão verbal, quanto ao fato de ter algum tipo de atraso na fala, quanto no obstáculo ao ter que interpretar algum sinal, gesto ou intenção na comunicação. No último caso, por exemplo, o indivíduo autista pode ter tendência à literalidade, quer dizer, entender tudo ao “pé da letra”, ou mesmo demorar/não conseguir compreender adequadamente as expressões faciais das pessoas à sua volta. Isso é muito comum nos quadros de autismo nos três níveis de suporte, requirindo-se auxílio e compreensão social, seja qual for a expressão desse déficit.
Você já viu alguma pessoa autista (ou hiperativa) repetindo movimentos ou sons diversas vezes? Isso se chama estereotipia, assunto de hoje! Estereotipias conferem à pessoa a repetição de determinados comportamentos, principalmente, em momentos de regulação. Dentre alguns exemplos mais básicos – não se limitando somente a eles –, podemos citar: agitação de pernas, pés e/ou mãos, balançar o corpo, andar na ponta dos pés, girar, pular, apertar objetos... Enfim, tudo aquilo que se repete na tentativa de autorregulação. Parar uma estereotipia pode prejudicar o autista nesse sentido; no entanto, caso essa ação cíclica envolva processos de automutilação (bater na cabeça, apertar/morder o corpo), devemos atentar-nos e auxiliar/buscar suporte, a fim de evitar maiores consequências. Tirando isso, podem ser muito positivas ao indivíduo, funcionando como uma estratégia – consciente ou não – de controle de determinadas sensações.
Já passou da hora de desmistificarmos certos pensamentos equivocados acerca do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Para começar essa jornada de conscientização, coloquemos aqui esta frase: “ah, mas você nem parece autista”. O autismo é um espectro, quer dizer, há uma diversidade enorme dentro da mesma condição, pois cada indivíduo é único, compartilhando algumas características com outros, é claro. Dizer que “não parece” é como ter uma imagem “ideal” de um autista, sendo uma fala preconceituosa, posto que não é “leve” para ninguém. É uma deficiência oculta, não é necessário que isso fique claro externamente. Conhecer mais sobre o tema faz com que deixemos de nos limitar ao exterior, validando o que passa “dentro” do indivíduo. Isso é empatia, isso é amor!
Embora seja questão um tanto polêmica, SIM! De acordo com a Lei 12.764/12, o autismo é uma deficiência para todos os efeitos legais. Os variados déficits que autistas podem apresentar – em comunicação, interação social, sensoriais, etc. – fazem com que o transtorno se caracterize assim. Essa Lei é federal; portanto, é aplicável em qualquer lugar do país. Assegurar os direitos dessas pessoas é fundamental, baseando-se, sempre, em um princípio de equidade e respeito!
A seletividade alimentar é característica muito presente no autismo. Caracteriza-se pela preferência restrita ou pelo desinteresse quanto à alimentação, sendo extremamente desafiadora para os pais e preocupante em relação a aspectos de necessidade nutricional. Isso quer dizer que essa seletividade pode prejudicar a qualidade e a quantidade ideais de nutrientes, podendo gerar alguns déficits. Vale enfatizar que pode estar associada ao sensorial da pessoa, ou seja, ter relação de sensibilidade com texturas, cheiros e sabores de alimentos diversos, levando o indivíduo com essa condição a rejeitar comidas específicas. Por esses motivos, acompanhamento profissional especializado é requerido, a fim de manter as taxas ideais de nutrientes, respeitando o ritmo da pessoa, evitando desconfortos demasiados.
A princípio, o diagnóstico gera um impacto familiar imensurável, algo similar a um luto em alguns casos. Essa negação, em um primeiro momento, é extremamente compreensível, visto que a pessoa terá que conviver, para o resto da vida, com o transtorno. Porém, é por isso mesmo que o oposto, a aceitação por parte dos pais, faz com que a situação se torne menos dolorosa possível ao autista. Essa conscientização, juntamente à pesquisa acerca da neurodivergência, influenciará positivamente em seu desenvolvimento.
Chegou setembro, mês em que temos as atenções tomadas à valorização da vida e à prevenção do suicídio, e não podemos deixar de falar dele. Quando se chega a um extremo como esse, temos que conscientizar-nos que o estado mental da vítima já não se via nada bem, não é mesmo? É por esse motivo que precisamos ter muito cuidado e estar sempre em alerta quanto aos sinais, pois temos uma grande responsabilidade emocional na vida de nosso próximo. Para si próprio ou para outro alguém, não hesite em pedir ajuda, já que esse “rompimento” não é, certamente, a melhor saída. Valorizemos a vida: ela não é fácil, mas tem direito de ser vivida com bem-estar, para que saibamos desfrutar de suas oportunidades e superar os desafios!
Já falamos um pouco acerca das comorbidades no autismo, não é?! Mas, para além disso, o TEA (Transtorno do Espectro Autista) pode estar, também, associado a condições neuropsicológicas que não são tidas como “transtornos”, como é o caso da Superdotação ou Altas Habilidades (AHSD). Assim como os distúrbios que podem estar presentes no autismo, a Superdotação pode ser apresentada independentemente do espectro, quer dizer, um indivíduo que possua SD não necessariamente é autista. Essa condição envolve características de alto desemprenho em alguma(s) área(s) variáveis caso a caso, podendo, inclusive, não ser tão específico, como uma facilidade para aprender, que pode ser mais ampla. Senso crítico, hipersensibilidade, dificuldades no controle emocional, ansiedade e perfeccionismo são muito comuns nesses quadros. Por não se tratar de um transtorno, as Altas Habilidades são constatadas a partir de testes neuropsicológicos, efetuados por um profissional especialista nessa área.
Sensibilidade sensorial no autismo: é disso mesmo que vamos falar! Como já mencionado anteriormente, é mais comum do que se imagina a presença de comorbidades no espectro, como é o caso do TPS. O Transtorno do Processamento Sensorial (TPS) envolve distúrbios de processamento sensorial, incluindo, principalmente, a hipo e a hipersensibilidade. No primeiro caso, é comum que se observe maior resistência à dor e necessidade de pressão corporal, que pode gerar comportamentos auto lesivos. Quando se fala em hipersensibilidade, pode-se notar na pessoa com TPS a agitação/o desconforto em situações de barulhos, luzes e cheiros intensos, provocando mal-estar e, até mesmo, crises. Por esses motivos, o acompanhamento profissional é requerido, visando noções de adaptação e segurança.
Concentração extrema; ou melhor, HIPERFOCO! É uma característica muito presente, principalmente quando falamos em autismo e TDAH. Pessoas com esses transtornos, desse modo, têm tendência a concentrar suas atenções a determinados assuntos, áreas, filmes, séries, músicas, alimentos, objetos... Enfim, a questão aqui é que não se baseia somente em gostar muito de alguma dessas coisas, mas derivar suas energias a elas de forma constante e intensa. Hiperfocos podem durar semanas, meses, anos ou mesmo uma vida inteira! Com base nisso, se alguém que possui hiperfoco(s) e está inserido nele naquele momento, não entenda mal se não prestar atenção no que você diz, pois pode estar “desconcentrado” do mundo que o cerca durante esse período. Paciência e incentivo são essenciais!
É muito comum autistas possuírem outros transtornos como comorbidades. Dentre os mais comuns, podemos citar: TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), TPS (Transtorno do Processamento Sensorial), etc. Essas comorbidades podem, inclusive, ressaltar os traços de autismo na pessoa, intensificando alguns déficits e/ou comportamentos. Nesse contexto, é importante salientar que, muitas vezes, essas outras condições podem passar despercebidas no processo diagnóstico, sendo confundidas com características do próprio autismo. Por isso, em busca de uma melhor qualidade de vida, investigações e tratamentos devem ser efetuados precisamente, com suporte adequado e profissionais seguros e de confiança. Vamos à luta por mais acesso a tudo isso!
O TEA é dividido em três níveis de suporte, conforme a necessidade de auxílio do indivíduo nas atividades cotidianas. No nível 1, requer-se, em geral, suportes familiar, social e terapêutico, quanto a regulações e adaptações. Porém, consegue desempenhar funções básicas do dia a dia com mais independência em relação ao nível 2, que necessita desse amparo de forma mais ampla. No caso do nível 3, esse suporte deve ser ainda maior, desde atividades mais básicas até as mais complexas. Ainda assim, ressalta-se que os termos “leve”, “moderado” e “grave” caíram em desuso, uma vez que não é adequado comparar-se a intensidade. O autismo, em todos os casos, precisa ser amparado e validado, sempre pensando no bem-estar daquele que com ele convive. Observação: a pessoa autista pode “transitar” entre os níveis de suporte. Como exemplo, pode acontecer de alguém nível 2 de suporte chegar ao nível 1 ou 3, entre outras possibilidades. Eis a importância da intervenção precoce.
A rigidez cognitiva é caracterizada pela inflexibilidade do cérebro em relação às novas adaptações. É muito comum em pessoas no espectro autista, sendo responsável por características como dificuldades com: mudanças, quebra de rotinas e de padrões. Pessoas autistas tendem a seguir determinados comportamentos restritos e repetitivos, podendo ser desconfortável deixar de executá-los. Portanto, deve-se ressaltar a importância de respeitar essa ambientação e esses comportamentos específicos, sem julgar, buscando sempre a melhor forma de tratá-los.